domingo, 10 de fevereiro de 2008

APRENDIZAGEM NA SALA DE AULA.

Resumo
«Numa escola norte-americana, se se pedir sal em bom francês, tem-se uma boa nota. Em França tem-se o sal.» Esta afirmação de B. F. Skinner ilustra, talvez, a faceta mais importante do processo educativo. Os conceitos, competências e técnicas que ensinamos não são apenas úteis no momento presente, mas sê-lo-ão também mais tarde. Um dos principais objectivos da educação é preparar-nos para transferirmos aquilo que aprendemos na sala de aula para situações futuras. Aprender a somar, a subtrair e a escrever sem erros ortográficos tem como vantagem imediata classificações elevadas, um prémio, a passagem de ano ou ainda aprovação dos professores e pais. É, contudo, mais tarde que as vantagens se tornam notórias. Ao longo da vida vamos aprendendo as enormes vantagens práticas de sermos capazes de escrever correctamente, ou ainda de multiplicar ou de derivar uma raiz quadrada, pois, por exemplo, ajudam-nos a ganhar a vida. Alguns de nós, porém, aprendem isto tarde demais e resmungam: «se ao menos tivesse tido mais atenção na escola!» e, agora, podemos acrescentar: teríamos tido mais atenção se a nossa experiência na sala de aula tivesse sido estruturada de forma diferente?
Fonte: Psicologia Educacional: uma abordagem desenvolvimentista, Cap. X, Norman A. Sprinthall & Richard C. Sprinthall
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sábado, 9 de fevereiro de 2008

PEDRO ABRUNHOSA: CONTRIBUTOS DE UM MÚSICO PARA A PSICOLOGIA.

Pedro Abrunhosa nasceu no Porto a 20 de Dezembro de 1960.
Aos 16 anos estudava Análise, Composição e História da Música com Álvaro Salazar e Jorge Peixinho, na Escola de Música do Porto. Entrou na música pela via erudita e, em 1984, foi para Madrid, aprender com o contrabaixista Todd Coolman e os músicos Joe Hunt, Wallace Rooney, Gerry Nyewood e Steve Brown. Foram os anos do jazz. Participou em seminários internacionais, formou bandas, tocou em orquestras, realizou tournées e colaborou com grandes figuras como Paul Motion, Bill Frisell, Joe Lovano, David Liebman e Billy Hart. Ensinou contrabaixo na escola do Hot Club de Lisboa, realizou e produziu o programa «Até Jazz», no Rádio Clube do Porto, fundou a Escola de Jazz do Porto e a Cool Jazz Orchestra, que viria a transformar-se em «Pedro Abrunhosa e a Máquina do Som».
A etapa seguinte foram os Bandemónio e o 1.º álbum, a que chamou «Viagens», editado em 1994, vendeu mais de 140 mil exemplares. Em 1995, lança o maxi-single «F» e em 1996, o álbum «Tempo», com uma edição Remix, em 1997. Em 1998, «Pedro Abrunhosa», em 1999, «Silêncio» e, em 2002, «Momento». O álbum triplo «Palco», editado em 2003, contém gravações de concertos ao vivo e «Intimidade», um DVD editado em 2005, foi gravado na inauguração da Casa da Música. Em Junho de 2007, edita «Luz», que volta a ter a participação dos The Hornheads, a secção de sopros de Prince, depois de terem já participado nos discos «Tempo» e «Palco».
Pedro Abrunhosa sempre viajou pelo mundo e pelos vários continentes da música e, assim, quando chegou ao rock trazia a mochila cheia de História e de rigor. Na sua perspectiva, a música não é neutra. É uma ideologia de fraternidade. Não se é músico sem se ter o sentido de pertencer a uma família e sem se estar comprometido com o mundo. Nos últimos anos, Pedro Abrunhosa editou livros, realizou ciclos de conferências, trabalhou com músicos de vários géneros e geografias, apresentou-se em espectáculo com Caetano Veloso e tocou com outros músicos brasileiros como Lenine, Zélia Duncan, Elba Ramalho, Zeca Baleiro, Sandra de Sá, Syang, Rio Soul, etc.
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domingo, 23 de dezembro de 2007

MENTIRAS NO DIVÃ.

Título original: Lying on the couch, Irvin D. Yalom, 1996.
O livro aborda a complexidade das emoções humanas e a moralidade das terapias psicanalíticas utilizadas por 3 terapeutas de S. Francisco: Seymour Trotter, Marshal Streider e Ernest Lash. O primeiro, ex-presidente da Associação Psiquiátrica Americana, é acusado de conduta sexual com uma das suas pacientes, 40 anos mais jovem, alegando, no entanto, e com argumentos muito plausíveis, tê-lo feito no melhor interesse daquela, retirando-a de uma rotina de promiscuidade e autoflagelação; o segundo, supervisor de Lash, obcecado pela riqueza e pelo sucesso material, vê a sua arrogância e ambição serem ridicularizadas quando, por duas vezes consecutivas, é ludibriado pelo mesmo burlão, um ex-paciente seu; o último, enquanto elo de ligação entre os dois primeiros, viúvo, vulnerável e estranhamente solitário, com uma fé inabalável na psicanálise, decide abandonar a sisudez habitual da profissão e adoptar um método terapêutico pouco ortodoxo de completa honestidade entre analista e paciente, sendo que, para consubstanciar a terapia, começa a falar de si próprio durante as sessões, revelando até alguns detalhes da sua vida pessoal. Os resultados são tão inesperados quanto perigosos, vendo-se por vezes vítima da sua própria cura. Neste enquadramento, a obra disseca a complexidade das emoções humanas e explora os jogos de poder e os valores e vínculos interpessoais das terapias psiquiátricas, numa história tensa e eloquente, onde se cruzam a lealdade, a fraqueza, o interesse, a ilusão, a verdade e a mentira, que, à vez, se apresentam, ou como dilemas terapêuticos ou como inadequados na intensidade dos jogos de relação social.
Irvin D. Yalom, romancista académico, filho de imigrantes russos, nasceu a 13 de Junho de 1931, em Washington, D.C., EUA, tendo concluído Psiquiatria na Universidade de Stanford. Viveu toda a sua infância em Washington, num apartamento por cima da loja de conveniência dos pais, num bairro pobre e problemático, onde andar pelas ruas era muitas vezes perigoso. Por isso, Yalom refugiava-se frequentemente em casa, a ler. Psicoterapeuta e professor de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, tem inúmeros títulos na área académica. Em 1993, venceu o prémio Commonwelth para o melhor Romance de Ficção com a obra Quando Nietzsche Chorou. A sua bi[bli]ografia completa pode ser consultada em http://www.yalom.com.

sábado, 27 de outubro de 2007

DOENÇAS RARAS E MEDICAMENTOS ÓRFÃOS: AS SÍNDROMES DE RETT E CHARGE.

Resumo
Por «doenças raras» entendem-se aquelas que ocorrem com pouca frequência, ou raramente, na população em geral, genericamente caracterizadas como doenças crónicas sérias, degenerativas, incapacitantes, em que o nível de dor e de sofrimento do indivíduo e da sua família é elevado e para as quais não existe uma cura efectiva. É neste enquadramento que surge à colação a temática dos «medicamentos órfãos», definidos como o conjunto de fármacos que, por razões económicas, não são desenvolvidos pela indústria farmacêutica, mas que, caso o fossem, corresponderiam à satisfação de uma necessidade de saúde pública. Estima-se que, hoje, no âmbito da UE, existam entre 5 a 8.000 doenças raras distintas, afectando entre 6 a 8% da população. Trataremos aqui de duas: as Síndromes de Rett e CHARGE, ambas descritas na lista de doenças raras da EURORDIS (European Organisation for Rare Deseases). A primeira é uma patologia grave e global do desenvolvimento que atinge o Sistema Nervoso Central, com desordem neurológica progressiva, atraso do desenvolvimento psicomotor, ataxia, estereotipias das mãos e episódios convulsivos. A segunda, é uma associação simultânea e não-aleatória de malformações que ocorrem com maior frequência do que seria de esperar pelo acaso, designada pelo acrónimo constituído pelas letras iniciais das palavras que, em inglês, denominam as suas principais características clínicas: Coloboma, Heart disease, Atresia choanae, Retarded growth and development, Genital anomalies e Ear anomalies
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O CAVALEIRO DA ARMADURA ENFERRUJADA.

Título original: The Knight in Rusty Armor, Robert Fisher, 1990.
O Cavaleiro da Armadura Enferrujada é um bom livro para oferecer. Em 89 páginas [nesta edição], apela à reflexão interior do[a] leitor[a], e o impacte da sua leitura dependerá muito dos contextos psicológico e emocional, bem como do tipo de personalidade, à data e de quem lê, respectivamente. Não obstante, é uma cativante história humana, não só pelo seu halo poético e luminoso, mas também pela simplicidade com que o autor revela as «verdades» sobre o que considera ser o autêntico «caminho da vida». A história tenta mostrar como as pessoas se podem afastar, física e afectivamente, dos seus círculos sociais de proximidade, divergindo na importância dos afectos e nas prioridades que assumem. Com efeito, para o autor, passamos, muitas vezes sem as ver, ao lado das coisas belas e simples da vida, sem as amarmos com a importância e dedicação com que o mereceriam.
A narrativa apresenta um cavaleiro que sai em busca do seu «verdadeiro eu», iniciando uma «viagem» para se libertar da «armadura» que o enclausura em si mesmo. Nessa jornada, descobre o silêncio, a verdade, a determinação e a coragem de chorar. O reconhecimento dos seus erros e a pureza genuína dos seus sentimentos, dissolveram-lhe a «armadura» e restituíram-no ao seu «verdadeiro caminho», aquele que, efectivamente, subjaz à felicidade e ao amor. O livro, pela simplicidade da escrita, é acessível a um largo espectro de idades, e constitui uma excelente opção de leitura em períodos de maior tristeza, frustração ou insatisfação pessoais, sendo um bom ensinamento sobre o quão simples e efémera é a vida humana.

Robert Fisher, escreveu para comédia e é autor, ou co-autor, de 400 programas de rádio, de cerca de 1000 programas de televisão, de diversos guiões cinematográficos e de inúmeros espectáculos para a Broadway. O Cavaleiro da Armadura Enferrujada foi o seu primeiro romance. Outras obras do autor: O Gato Que Encontrou Deus, Jogos para Pensar, Valores para Pensar e O Cavaleiro Silencioso e Outros Relatos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

DEFICIÊNCIA MENTAL E DOENÇA MENTAL.

Deficiência mental [debilidade, sub-normalidade].
À expressão «deficiência mental» subjazem duas componentes essenciais: uma ligada a factores de desenvolvimento - funcionalidade intelectual significativamente abaixo da média; outra a factores sócio-culturais - incapacidade significativa de adaptação às exigências quotidianas da sociedade. Assim, o diagnóstico de «deficiência mental» deve ser precedido por uma avaliação objectiva, quer do compromisso do funcionamento intelectual, quer do nível de inadaptação do comportamento social. Com efeito, a «deficiência mental» não é em si própria uma doença. Ela compreende uma vasta gama de condições que, apesar de serem muitas vezes causadas por infecções biológicas e afecções orgânicas, podem também ser devidas a causas sociais e psicológicas complexas. A «deficiência mental» manifesta-se geralmente na primeira infância, nas idades pré-escolar ou escolar, quando se torna evidente uma lentidão anormal na evolução do comportamento, sob a forma de dificuldades na adaptação às exigências da vida quotidiana, na compreensão e utilização da linguagem e na assimilação de significados gerais ou abstractos.
The AAIDD Definition of Mental Retardation. American Association on Intellectual Disability and Developmental Disabilities, founded in 1876, has had responsibility for defining mental retardation since 1921.
Doença mental [pertubações de ordem psiquiátrica].
«Doença mental» é um termo geral usado para abranger várias perturbações que afectam os comportamentos emocional, social e intelectual. Caracteriza-se por reacções emocionais inapropriadas, segundo vários padrões e níveis de gravidade, por distorções [e não por deficiência] da compreensão e da comunicação e por um comportamento social erradamente dirigido [e não por incapacidade de adaptação]. Alguns sistemas de classificação formal, adoptados pelas organizações internacionais, fazem normalmente uma distinção entre estados psicóticos [por ex., esquizofrenia e doenças maníaco-depressivas], perturbações de origem orgânica [por ex., demências e doenças encefalo-degenerativas], perturbações psiconeuróticas [por ex., estados de ansiedade e perturbações obsessivas] e perturbações do comportamento e da personalidade. As doenças mentais graves surgem habitualmente na adolescência ou na vida adulta, sendo menos frequentes nas crianças. Embora se manifestem, de forma aguda, crónica ou intermitente, como uma alteração súbita e incapacitante do comportamento, estão frequentemente relacionadas com aspectos significativos do desenvolvimento da personalidade, com experiências de stress pessoal grave e prolongado ou com conflitos psicológicos. Podem também estar associadas a várias condições orgânicas de natureza neurológica, genética ou bioquímica e ser precedidas por dificuldades de ordem social, pessoal e educacional, antes dos sintomas definitivos da doença se tornarem evidentes.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

MENTE FRAGMENTADA.

Título original: A Fractured Mind, Robert B. Oxnam, 2005.
Este livro narra uma história verídica. No começo dos anos 90, o americano Robert B. Oxnam [1943-], professor catedrático e respeitado especialista em história da China e geopolítica asiática, passa a ter a sua vida privada num caos, com comportamentos anti-sociais, alcoolismo, bulimia, amnésia, súbitos acessos de fúria e incompreensíveis manifestações de violência. Instado pelos amigos, decidiu procurar ajuda e, um dia, surpreendido, foi informado pelo seu psiquiatra de que o tempo da sua sessão havia terminado: «Passei os últimos 50 minutos a conversar com o Tommy», explicou o Dr. Smith. «Ele está dentro de si e está furioso». Robert B. Oxnam, sofria da Perturbação Dissociativa da Identidade que, no seu caso particular, eram 11. Após 15 anos de tratamento, Oxnam decidiu escrever sua autobiografia.
«Esta história irresistível e profundamente comovente, apresenta uma nova perspectiva sobre a vulnerabilidade, a complexidade e a resistência psicológicas e sobre o significado da busca da completude», Steven C. Rockefeller, professor jubilado de Religião, no Middlebury College, Vermont, e presidente do Rockefeller Brothers Fund. «Um thriller espiritual e psicológico que simplesmente não se consegue parar de ler. Este livro corajoso e sensato é nada mais nada menos que uma vitória do espírito humano.» Forrest Church, autor de Freedom from Fear: Finding the Courage to Act, Love, and Be.
Coabitavam no «castelo» mental de Oxnam, «Robert» e «Bob», liderando as competências académicas, «Bobby», skater e brincalhão, com 20 anos e tendências suicidas, «Tommy», de 8 anos, sujeito a frequentes acessos de violência, a «Bruxa», agressiva e responsável pelas crises de alcoolismo e bulimia, «Wanda», mulher de meia idade, budista e silenciosa, «Baby», a criança vítima de violência sexual, «Robbey», adolescente tímido, o «Bibliotecário», investigador académico de 30 anos, «Lawrence», outro investigador, mas mais sociável e a «Olhos», presença indefinida, que surgia em momentos de crise.
Segundo David Spiegel, professor associado de psiquiatria da Stanford University, a perturbação pode surgir quando, numa situação desesperada, o indivíduo, sentindo que perdeu o controlo sobre o seu próprio corpo, luta instintivamente para manter, pelo menos, o domínio sobre a mente. Com efeito, no livro, é possível conhecer «Baby», que revela que Oxnam, em criança, foi vítima de abusos sexuais.
Segundo o DSM-IV TR, a Perturbação Dissociativa da Identidade [anteriormente Perturbação Múltipla da Personalidade][DSM-IV TR: 300.14; CID-10: F44.81] reflecte uma falha na integração dos vários aspectos da identidade, memória e consciência. Cada estado de personalidade pode ser experimentado como se tivesse uma história pessoal, auto-imagem e identidade distintas, incluindo um nome diferente. Geralmente, existe uma identidade primária, associada ao nome do sujeito e que é passiva, dependente, culpada e depressiva. As identidades alternativas têm frequentemente nomes e características diferentes, que contrastam com a identidade primária (por ex., podem ser hostis, controladoras e autodestrutivas). Podem, igualmente, surgir identidades particulares em circunstâncias específicas, que podem diferir na idade e género, vocabulário, conhecimentos gerais ou afectos predominantes. As identidades alternativas são experimentadas sequencialmente, tomando o controlo umas às custas das outras, negar o conhecimento umas das outras, sendo críticas ou entrando em conflito aberto umas com as outras. Ocasionalmente, uma ou mais identidades, mais poderosas concedem tempo às outras. As identidades hostis ou agressivas podem, por vezes, interromper actividades ou colocar as outras em situações desagradáveis. Os indivíduos com Perturbação Dissociativa da Identidade relatam frequentemente terem sido sujeitos a abuso físico e sexual graves, especialmente durante a infância.

A SAGA DE UM PENSADOR.

Título original: «A Saga de Um Pensador», Augusto Cury, 2005.
Neste livro, o autor narra a trajectória de Marco Polo – não o navegador e aventureiro veneziano do século XIII, mas um jovem que embarca na grande aventura da vida. Marco Polo é um estudante de Medicina, um espírito livre cheio de sonhos e expectativas. Ao entrar para a faculdade, é confrontado com a insensibilidade de alguns professores, que não compreendem que cada paciente é muito mais do que o quadro semiológico que se lhe associa. Indignado, e numa luta constante contra a indiferença humana, o jovem desafia profissionais de renome internacional para provar que os pacientes com perturbações psíquicas necessitam muito mais do que fármacos e diálogo – precisam, fundamentalmente, de ser tratados como pessoas.
Esta é uma história de esperança e de luta contra as injustiças do mundo, a saga de um desbravador de sonhos, de um poeta da vida, de um homem disposto a correr riscos em nome daquilo em que acredita. Tendo a vida de Marco Polo como fio condutor, «A Saga de Um Pensador», conduz-nos numa viagem pelo mundo da psicologia, induzindo o leitor a reflectir sobre o excêntrico e desenfreado tropel das sociedades modernas - Os nossos maiores problemas não estão nos obstáculos do caminho, mas na escolha da direcção errada. Marco Polo representa, assim, o que a grande maioria das pessoas gostaria de ser: um personagem corajoso, dotado de uma imensa paixão pela vida e pelas pessoas, a quem subjaz uma vontade de mudar, de renascer, de recuperar os sentimentos de humanidade e de solidariedade, tão esquecidos nos dias de hoje.
No início da narrativa, os caloiros da faculdade de Medicina, cheios de expectativa e tensão, ficam chocados ao encontrar, na sua primeira aula de Anatomia, alinhados e anónimos, vários cadáveres estendidos sobre o frio do mármore branco. Marco Polo, um brilhante e audacioso aspirante a psiquiatra, recusa-se a aceitar a frieza e a indiferença dos professores quanto à identidade daqueles corpos - Com uma sinceridade cristalina, Marco Polo perguntou: - Qual é o nome das pessoas que vamos dissecar? O Dr. George recebeu a pergunta como um golpe. [...] Com voz solene, respondeu: - Estes corpos não têm nome!. Instado a procurar informações sobre aqueles indivíduos, aparentemente sem passado, Marco Polo defronta-se com um mundo de sonhos frustrados, futuros desfeitos e esperanças perdidas, lançando-se numa arriscada batalha contra professores e médicos para tentar mudar a abordagem clássica da Psiquiatria, criticando os paradigmas da Medicina, a indústria do preconceito e o sistema social. Guia-o nessa jornada extenuante, o excêntrico «Falcão», um mendigo profundamente conhecedor da alma humana e que recupera a sua própria alegria de viver ao conviver com o jovem sonhador.
Augusto Jorge Cury (02.10.1958-) é psiquiatra, psicoterapeuta, cientista e escritor. Desenvolveu o conceito de «inteligência multifocal», uma nova perspectiva do funcionamento da mente e da construção do pensamento, e é investigador na área da qualidade de vida e do desenvolvimento da inteligência, numa abordagem dinâmica da emoção e dos pensamentos - Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável.

domingo, 21 de outubro de 2007

NASCIDO NUM DIA AZUL.

Título original: Born on a Blue Day, Daniel Tammet, 2006.
Nascido num dia azul é uma história exemplar de sucesso pessoal, que começa na primeira infância, quando Daniel Paul Tammet [31.01.1979-] era incapaz de fazer amigos, até à idade de jovem adulto, em que adquiriu um suficiente auto-controlo que lhe permite viver de forma autónoma e independente. O livro proporciona uma comovente e encantadora viagem, guiada pelo próprio autor, ao interior de uma das mais fascinantes mentes dos dias de hoje. Daniel Tammet tem diagnosticado a Síndrome de Savant, uma forma rara da Síndrome de Asperger, ou autismo de alto rendimento funcional, com manifestações clínicas positivas, tais como uma impressionante capacidade de cálculo mental [A partir da minha imagética mental, sou capaz de calcular um resultado como 13:97=0.1340206..., até quase uma centena de casas decimais] e uma aptidão mnésica simplesmente deslumbrante [em 2004, a 14 de Março, Dia Internacional do Pi, memorizou e recitou, ante as câmeras de televisão, em 5 horas e 9 minutos, 22514 dígitos do número Pi, estabelecendo um novo recorde]. Daniel visualiza mentalmente os números como formas, dotados de cores e texturas próprias [fenómeno caracterizado por uma mistura neuro-sensorial denominado por «sinestesia»: O número 1, por exemplo, é de um branco brilhante e claro, como se alguém agitasse uma lanterna em frente dos meus olhos. O 5 é um estrondo de trovão, ou o som das ondas a embaterem nas rochas. O 37 é granuloso como os cereais, enquanto que o 89 me lembra neve a cair]. Daniel Tammet fala actualmente 10 línguas: inglês, finlandês, francês, alemão, lituano, esperanto, espanhol, romeno, galês e o islandês, que aprendeu numa semana.
A Síndrome de Savant [a expressão inicialmente proposta, em 1978, por Bernard Rimland, foi de Autistic Savant, num artigo publicado na revista Psychology Today], perturbação psíquica que, comummente, alia grandes habilidades intelectuais a um défice da inteligência, foi citada na literatura científica em 1789, quando o psiquiatra norte-americano Benjamin Rush [1745-1813] descreveu o incrível talento calculatório de Thomas Fuller, que de matemática pouco mais sabia do que contar. No entanto, em 1887, John Langdon Down, que identificou a Síndrome conhecida com o seu nome, descreveu 10 pessoas com a Síndrome de Savant, com as quais manteve contacto ao longo de 30 anos no Earlswood Asylum, em Londres, tendo, à data, utilizado o deselegante termo idiot savant, para identificar a Síndrome. O desenvolvimento da neuroimagem funcional e os recentes estudos de Bernard Rimland, do Autism Research Institute, em San Diego, Califórnia, com informações sobre 34 mil indivíduos autistas, têm vindo a corroborar a tese dos processos de compensação neurofisiológica contralateral, sendo as habilidades savants presentes em pessoas autistas, mais frequentemente associadas às funções do hemisfério direito, incluindo a música, a arte e a matemática, verificando-se um maior compromisso das habilidades relacionadas com as funções hemisféricas esquerdas, tais como a linguagem e a especialização da fala.
Vídeos: Daniel Tammet - The Boy With The Incredible Brain

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

O VALOR ECONÓMICO DO COMPORTAMENTO NO CONTEXTO DA INSTITUIÇÃO MILITAR.

Resumo
Este artigo contém extractos de um trabalho de investigação, desenvolvido sob o tema geral «[...] da racionalidade das decisões de consumo vs o ambiente quântico dos circuitos neuronais encefálicos», nele se incluindo a caracterização da componente económica intra-humana, definida pelo conjunto dos processos cognitivos de 1.ª ordem [...], a sua influência nos sistemas de produção e o seu impacte sobre a produtividade em geral. A adaptação desta investigação à Instituição Militar, foi deduzida pela identificação da sua ordem cultural, cuja «inoculação» continuada de vínculos psíquicos selectivos, visa obter dos seus recursos humanos uma «acomodação» individual a um esquema de procedimentos colectivos pré-estabelecido. Na linha desta «aculturação psicológica», sobressaem tipologias comportamentais orientadas para o sucesso funcional, cujo valor económico e os níveis de desempenho que delas resultam, certamente pelo facto da Defesa Nacional se constituir num bem público puro [...], nunca foram, em termos quantitativos, verdadeiramente estimados. Neste enquadramento, o estudo e avaliação dos quotidianos condicionados por padrões comportamentais específicos, como é o caso da Instituição Militar, constituem, ao nível da Economia Comportamental e da Psicologia Económica, habitats humanos privilegiados para a sistematização de um método que permita avaliar o seu valor económico e, por essa via, inferir, também, da importância da «economia intra-humana» em geral. Assim, na primeira parte, discutem-se os aspectos particulares dos comportamentos no contexto da Instituição Militar e da sua estrutura hierárquica, com realce para a disciplina e para a obediência. O capítulo 2, introduz a teoria da «economia intra-humana», a sua caracterização genérica no quadro dos processos de produção e o seu contributo implícito para o desenvolvimento económico. Por fim, propõe-se uma reflexão sobre os «processos psicológicos derivados» e sobre a necessidade das «ciências da gestão» se voltarem a debruçar sobre a doutrina militar, agora no âmbito dos seus aspectos psíquicos, na senda de novos patamares de eficiência e de competitividade empresariais.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

TEORIAS DA PERSONALIDADE: ALFRED ADLER - VIDA E OBRA.

Resumo
Alfred Adler, filho de uma família judaica, nasceu a 7 de Fevereiro de 1870, em Rudolfsheim, Viena, Áustria. Sendo o 2.º de 7 irmãos, 5 rapazes e 2 raparigas, padeceu, em criança, de inúmeras enfermidades. O raquitismo tolheu-lhe o andar até aos 4 anos e aos 5 foi-lhe diagnosticada uma pneumonia, de prognóstico muito reservado, chegando a temer-se seriamente pela sua vida. Adler referiu várias vezes ter sido essa sua luta pela sobrevivência, em pequeno, bem como, aos 3 anos de idade, ter assistido à morte do seu irmão Sigmund, que o levou, desde cedo, a ganhar o gosto pelas ciências médicas para melhor poder lutar contra o sofrimento e as doenças. [...] Aos 18 anos ingressou na Escola de Medicina da Universidade de Viena, tendo concluído a sua licenciatura, com o grau de doutor, em 1895, então com 25 anos de idade. [...] O crescente interesse pelo funcionamento e adaptação do sistema nervoso, levou-o, por volta do ano de 1900, a enveredar pelas áreas da Neurologia e da Psiquiatria, tornando-se um associado muito próximo do neurologista, também austríaco, Sigmund Freud. Este, conhecendo-lhe a reacção favorável às ideias expostas no seu livro «A Interpretação dos Sonhos» [1900], convidou-o, em 1902, a juntar-se àqueles que, semanalmente, às quartas-feiras, se reuniam em sua casa para conferenciar sobre Psicanálise, integrando assim, até 1911, o grupo que ficou conhecido por «Sociedade Psicanalítica de Viena». Contudo, a partir de certa altura, Adler passou a discordar em absoluto das ideias freudianas em diversos aspectos, nomeadamente na importância que Freud conferia às pulsões sexuais na origem das neuroses. Estas divergências tornaram-se públicas a partir de 1907, data em que publica o seu Study Of Organ Inferiority And Its Psychical Compensation. Assim, divergentes no Congresso de Psicanálise de Salzburgo, de 1908, e, em 1911, irreversivelmente separados no de Nuremberga, leva a que Adler se retire do movimento psicanalítico iniciado por Freud, e a fundar o seu próprio grupo de reflexão, a «Sociedade para a Psicanálise Livre», redenominada, em 1913, para «Sociedade para a Psicologia Individual». A partir de 1914, e durante a I GM, Adler serviu como médico na Armada austríaca, envolvendo-se, após o seu termo, em vários projectos ligados à formação de clínicas associadas a escolas estatais, período durante o qual divulgou largamente a sua teoria. Em 1926, viajou para os Estados Unidos, tornando-se, em 1929, professor-auxiliar na Universidade de Columbia e, em 1932, professor efectivo na Escola de Medicina de Long Island, viajando entre Viena e os EUA. Porém, devido à interferência do movimento nazi na sua actividade profissional, em 1934, Adler e a sua família abandonam Viena para sempre. Em 28 de Maio de 1937, com 67 anos, durante a presença num ciclo de conferências na Escócia, em Aberdeen, Alfred Adler morre subitamente, vítima de uma crise cardíaca.

PERTURBAÇÃO EVITANTE DA PERSONALIDADE.

Resumo
A característica essencial da Perturbação Evitante da Personalidade consiste num padrão global de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa, com começo no início da idade adulta e presente numa variedade de contextos. As pessoas com Perturbação Evitante da Personalidade, evitam actividades profissionais ou escolares que envolvam contactos interpessoais significativos, por medo de críticas, desaprovação ou rejeição. As ofertas de promoção no emprego podem ser rejeitadas pelo medo de que as novas responsabilidades possam provocar críticas por parte dos colegas. Estas pessoas evitam fazer novos amigos, a não ser que tenham certeza de que estes virão a gostar delas e que serão aceites sem críticas. [...] As pessoas com esta perturbação não se agregam em actividades de grupo, a menos que surjam propostas repetidas e generosas de apoio e protecção. A intimidade interpessoal é habitualmente difícil para estas pessoas, apesar de serem capazes de estabelecer relações íntimas quando está assegurada uma aceitação sem crítica. Podem actuar com reservas, terem dificuldade em falar de si e recusarem a intimidade por medo de serem expostas, ridicularizadas ou envergonhadas. [...] Se alguém for ligeiramente crítico ou desaprovador, podem sentir-se extremamente magoados. Tendem a ser tímidos, calados, inibidos e «invisíveis», com medo de que com qualquer chamada de atenção possam ser rejeitados ou rebaixados. Esperam que, independentemente do que digam, os outros os possam considerar «errados», e, portanto, nada dizem. Reagem intensamente a indícios subtis sugestivos de zombaria ou troça. Apesar da ânsia em participar activamente na vida social, receiam colocar o seu bem-estar nas mãos de outros. As pessoas com Perturbação Evitante da Personalidade, são inibidas em situações interpessoais novas, por se sentirem inadequadas e terem baixa auto-estima. Dúvidas acerca de competências sociais e aptidões pessoais tornam-se especialmente manifestas em contextos que envolvam estranhos. Estas pessoas consideram-se socialmente inaptas, destituídas de encanto ou inferiores aos outros. Podem mostrar-se relutantes em assumir riscos pessoais ou envolverem-se em novas actividades, porque isso pode ser embaraçoso. [...]

MORAL, ÉTICA E DEONTOLOGIA.

Resumo
A linguagem comum não distingue, muitas vezes, «ética» de «moral». Contudo, em rigor, aquela funda-se na reflexão filosófica sobre a segunda, enquanto quadro de referência geral e não escrito. Do grego ethiké, ou do latim ethica (ciência relativa aos costumes), a ética constitui o domínio da filosofia que subjaz ao juízo conceptual de apreciação sobre o «bem» e sobre o «mal», assumindo-se os princípios éticos enquanto directrizes orientadoras dos «bons comportamentos», dos indivíduos em relação a si mesmos, destes em relação aos outros e de todos com a natureza em geral. De uma comprovada preocupação histórica, à sua inclusão doutrinária na vivência religiosa, a ética é, hoje, social e transversalmente, laica e agnóstica, com a expansão para novos domínios de intervenção, como a ética ambiental ou a bioética.
De forma equivalente à díade semântica moral-ética, também os códigos éticos são dificilmente separáveis dos deontológicos, pelo que não é pouco frequente as palavras «ética» e «deontologia» serem utilizadas indiferenciadamente. Não obstante, o termo «deontologia» sobrevém das palavras gregas déon, déontos, significando «dever» e lógos, correspondendo a «discurso» ou «tratado». Neste enquadramento, a deontologia equivaler-se-ia ao «tratado do dever» ou ao conjunto de normas perfilhadas por um determinado grupo profissional. Com efeito, a deontologia é uma disciplina da ética, especialmente adaptada ao exercício de uma profissão, prescrevendo os deveres gerais de uma «boa conduta profissional». Regra geral, os códigos deontológicos têm por base as grandes declarações universais e tendem a traduzir o sentimento ético nelas expressas, adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada grupo profissional.
[FRANCIS, Ronald D., Ética para Psicólogos, Parte III, Compêndio de Questões Éticas, pp. 240 – 258]Ver apresentação PPT
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quinta-feira, 26 de julho de 2007

ESTRATÉGIAS DE COMPENSAÇÃO MNÉSICA.

Resumo
A memória, enquanto parte importante da consciência, foi uma das primeiras matérias estudadas pela Psicologia. A correlação biológica da idade com as perdas cognitivas faz parte do ritmo normal do envelhecimento humano. No entanto, múltiplos factores, exógenos ou internos, podem implicar acelerações negativas dos desempenhos mnésicos. A compensação psicológica, enquanto processo de substituição e/ou superação de défices psíquicos pela procura, com maior ou menor persistência, de formas alternativas de satisfação suplementar face à(s) função(ões) deficitária(s), associa-se à capacidade de fixação, responsável pelo acréscimo de nova matéria mnésica e à capacidade de evocação, pela qual os traços de memorização são vivenciados sob a forma consciente. O Questionário de Compensação Mnésica [Memory Compensation Questionnaire: MCQ], inclui 7 escalas, e foi desenhado para medir 5 mecanismos compensatórios e 2 aspectos gerais do auto-esforço para compensar as perdas de memória associadas à idade. O MCQ Plus adiciona ao MCQ original uma nova escala, a Percepção Existencialista, cuja inclusão se destina à avaliação dos níveis de insight associados à consciência que os indivíduos têm sobre a importância da memória sobre os seus quotidianos, bem como a atitude pessoal perante o ritmo natural do envelhecimento biológico. As estratégias de memory biofitness fazem parte das novas abordagens das Neurociências para estimular uma comprovada plasticidade neuronal e compensar, ex-ante, a inevitabilidade natural de uma diminuição do desempenho cognitivo ao longo dos créditos temporias que subjazem à longevidade.
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quarta-feira, 25 de julho de 2007

GRELHA DE OBSERVAÇÃO: 5 | 6 ANOS.

Resumo
A cadeira de Psicologia da Criança e do Adolescente, no contexto do seu programa curricular, inclui a elaboração de uma grelha de observação no âmbito do desenvolvimento esperado da criança. Assim, foi observado um menino com 5 anos e meio – o Leonardo – e, portanto, utilizada a grelha associada à idade dos 5 aos 6 anos. O tratamento dos resultados incluiu a elaboração de uma escala de desempenho e o seu tratamento gráfico descritivo, para, de uma forma mais evidente, se poder analisar as respostas obtidas. Em termos teóricos, o trabalho inicia-se pela apresentação sumária do setting de observação, a que sucede uma breve caracterização do desenvolvimento esperado na idade considerada, seguindo-se-lhe, então, a grelha de observação combinada. Por último, expendem-se alguns comentários aos resultados obtidos. Na dinâmica da interacção com a criança foi considerada a topografia do lugar [em casa, no parque infantil e nas escadas de acesso ao apartamento], o grau do comportamento solicitado vs resposta obtida, quer no âmbito da avaliação dos aspectos motores, como dos elementos cognitivos e dos factores sociais. De igual forma, no registo dos comportamentos observados, foram tidos em conta os efeitos distractores presentes, bem como alguns factores de influência exógenos, condicionadores da validade da execução. Todavia, não obstante o cenário de observação não ser, por vezes, o ideal para a aplicação da grelha de observação, os procedimentos registados foram aqueles que incluíram a participação da criança na execução das provas, tendo sido considerados de suficiente veemência para serem inscritos na escala de desempenho.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA ADOLESCÊNCIA.

Resumo
A adolescência é uma etapa relevante da vida, que se inicia por volta dos 10 anos e termina por volta dos 19, período durante o qual ocorrem diversas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais. A duração da adolescência está determinada culturalmente. Na verdade, apesar do aspecto biológico deste fenómeno, as transformações psíquicas são profundamente influenciadas pelos ambientes social e cultural. Como difere o pensamento do adolescente do das crianças mais novas? Como é que os adolescentes fazem julgamentos morais e tomam decisões para a vida? Como é que a transição para o ensino secundário afecta o desenvolvimento dos adolescentes? Que factores afectam o sucesso na escola? Que factores influenciam o planeamento educacional e vocacional dos estudantes do ensino secundário? Na adolescência, há um processo contínuo de desenvolvimento psíquico entre as várias fases da vida da criança e do adolescente. A adolescência caracteriza-se pelo afastamento do seio familiar e a consequente imersão no mundo adulto. À medida que os vínculos sociais se vão estabelecendo, um conjunto de características vai sendo mais valorizado, desde as necessárias para se ser aceite num grupo, até às necessárias para expressar um estilo que agrade, não só a si próprio, mas também aos outros. Do abandono da atitude infantil e o ingresso no mundo adulto, resultam uma série de acréscimos no rendimento psíquico, com uma maior eficácia, rapidez e elaborações. A memória adquire melhor capacidade de retenção e evocação, a linguagem, com aumento do vocabulário e da expressão, torna-se mais completa e complexa. Os adolescentes não só parecem diferentes das crianças mais novas, mas também pensam de um modo diferente. Revelam-se capazes do raciocínio abstracto e do pensamento idealista. Enquanto a infância parece ser uma luta para compreender o mundo tal como ele é, os adolescentes tornam-se conscientes do mundo tal como ele pode ser.
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PEÇA TEATRAL: AS OBRAS COMPLETAS DE WILLIAM SHAKESPEARE EM 97 MINUTOS.

Resumo
A cadeira de Psicologia da Arte e da Expressividade inclui, no contexto do seu programa curricular, o objectivo de proporcionar «[...] experiências de vivência pessoal ligadas à Expressão Artística e à Criatividade, acompanhadas de uma reflexão sobre as dimensões intrapsíquicas, interpessoais e sociais da “experiência artística”». Sustenta-se ainda que «[...] a Arte e a Expressividade constituem uma dimensão fundamental da condição humana e a vivência de experiências pessoais e relacionais constitui uma dimensão fundamental da formação do psicólogo enquanto profissional ligado ao psiquismo e às relações humanas.»
Neste sentido, o presente «ensaio de experiência artística», elaborado no âmbito daquele enquadramento curricular, dentro das sugestões de conteúdo e das directrizes estruturais pré-determinadas, apresenta uma apreciação geral sobre a peça de teatro «As Obras Completas de William Shakespeare em 97 minutos». Assim, em primeiro lugar, faz-se o recenseamento dos principais elementos enformadores da obra [ficha técnica], bem como uma descrição sumária do argumento e da interpretação teatral. Numa segunda parte, expende-se sobre a apreciação estética da peça e descreve-se a experiência pessoal e o seu valor enquanto vivência artística. Uma reflexão, sob o contexto da Psicologia da Arte e da Expressividade, sobre a apreciação artística encerram o presente documento.
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segunda-feira, 23 de julho de 2007

RELATÓRIOS DE INFORMAÇÃO CLÍNICA.

Resumo
Os elementos de identificação de um paciente, bem como a sua informação clínica, devem estar contidos no seu processo clínico. O paciente tem direito a conhecer todos os dados registados no seu processo, devendo essa informação ser fornecida de forma precisa e esclarecedora. A omissão de alguns desses elementos apenas é justificável se a revelação, fundadamente, lhe for considerada prejudicial ou se contiver informações sobre terceiras pessoas. O paciente tem direito ao sigilo de toda a informação clínica que lhe disser respeito, bem como de todos os elementos identificativos que dele tiverem sido inscritos. Com efeito, todas as informações referentes ao paciente, nomeadamente, situação clínica, diagnóstico, prognóstico, tratamento e dados de carácter pessoal, estão sujeitas ao carácter de confidencialidade e de difusão restrita. No caso particular das avaliações psicológicas, estas devem efectuar-se no rigoroso cumprimento do direito do paciente à sua privacidade, o que equivale a que qualquer acto de diagnóstico só possa ser efectuado pelos profissionais indispensáveis à sua execução, salvo se o paciente consentir ou solicitar a presença de outras pessoas. Por outro lado, a vida privada ou familiar do paciente não pode ser objecto de intromissão, a não ser que tal atitude se mostre inequivocamente necessária para o diagnóstico ou tratamento e o paciente expresse o seu explícito consentimento. Neste contexto, os Relatórios de Informação Clínica devem ser redigidos com clareza, utilizando termos e símbolos cientificamente consagrados, em folhas apropriadas, contendo visivelmente impressos a identificação dos profissionais envolvidos, bem como outras informações deontológicas julgadas adequadas, sendo expressamente vedada a utilização de designações comerciais de qualquer natureza ou espécie. A importância da correcta exposição, face à perenidade deste tipo de documentos, faz com que a sua redacção deva pressupor especiais cuidados de rigor, pelo que o relatório final deve ser redigido de modo prudente e sóbrio, não devendo incluir elementos alheios às questões postas pela entidade requerente ou outras considerações que não as estritamente necessárias e no âmbito das funções profissionais que lhes subjazem.

WAIS – III.

Resumo

Um dos temas em Psicologia cujo debate inclui significativas controvérsias e divergências doutrinárias é o estudo da inteligência humana e as formas da sua mensuração. Há, efectivamente, uma habilidade mental geral que possamos designar por «inteligência»? E, havendo-o, é importante para o desempenho das actividades quotidianas dos indivíduos? O termo «inteligência» é comummente utilizado para caracterizar determinadas habilidades ou capacidades cognitivas. Porém, da mesma forma que existem diferentes modos de se ser inteligente, coexistem igualmente múltiplas conceptualizações sobre o conceito de «inteligência». Neste contexto, deriva do seu «entrelaçado mental» ser praticamente impossível eleger uma definição que reúna o consenso geral da maioria dos psicólogos e dos demais profissionais intervenientes. Qualquer definição tende, todavia, a clarificar e a organizar a complexidade do fenómeno. Não obstante, apesar das dificuldades de unanimidade, poder-se-á fazer equivaler «inteligência» à capacidade do indivíduo para assimilar conhecimentos, recordar eventos remotos ou recentes, raciocinar logicamente, manipular conceitos [números e/ou palavras], traduzir o abstracto em concreto, analisar e sintetizar formas, enfrentar com sensatez e precisão os problemas, estabelecer prioridades dentre um conjunto de situações, etc., sendo que nenhuma destas «competências» exclui a utilização simultânea das demais. Neste sentido, parece ser consensualmente aceite que a definição de «inteligência» não inclui, nem a personalidade, nem o carácter dos indivíduos.

JOHN BOWLBY: COMPORTAMENTO E VÍNCULOS AFECTIVOS.

Resumo
O relativo desinteresse dos cientistas experimentais pela importância dos vínculos afectivos contrastou, durante algum tempo, com o relevo que os psicanalistas lhes atribuíam, reconhecendo-lhes a influência nas vidas e nos problemas dos seus pacientes. Não obstante, demoraram a desenvolver uma estrutura científica adequada, dentro da qual a formação, manutenção e rompimento de tais vínculos se pudessem enformar. Esta lacuna teórica foi preenchida pelos etologistas, em particular com os estudos de Lorenz, até aos estudos do comportamento de ligação em primatas não-humanos [Hinde & Spencer-Booth, 1967], inspirando psicólogos a realizar estudos semelhantes com seres humanos [Schaffer & Emerson, 1964; Ainsworth, 1967]. De qualquer forma, voltando à teoria de Bowlby, permanecia, contudo, a dificuldade em explicar a importância das relações precoces. A este propósito, a psicanálise e o behavio[u]rismo defendiam que tal se devia ao papel dos adultos na satisfação das necessidades fisiológicas da criança, mas Bowlby, à luz dos seus estudos, considerava esta posição insustentável, por cinco razões principais [...]
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MARSH, H. W. & O’NEILL, R.: S-DQ III.

Resumo
Os presentes apontamentos, e notas contíguas, elaborados no âmbito da cadeira de Psicologia da Aprendizagem, tratam, sob o contexto do S-DQ III [Self-Description Questionnaire], da avaliação da auto-percepção, no domínio do autoconceito, em adolescentes e jovens adultos. Neste sentido, depois de uma apresentação geral sobre a forma correcta de responder à escala ora considerada, foi aplicado o questionário a um adolescente de 15 anos de idade, Pedro Miguel dos Santos Dionísio, pelo que, na parte relativa à digitalização das respostas dadas, é aposta a classificação de «Difusão Restrita». Assim, neste documento, após um sumário enformador da teoria que subjaz à noção de autoconceito, e de breves referências à pré-concepção e estrutura da escala, retrata-se, nas páginas seguintes, o detalhe, numérico e gráfico, dos resultados obtidos pelo Pedro. Paralelamente, e à semelhança do que foi feito para a PCS-FC, de Susan Harter, foi também construído, em Excel, um ficheiro de cálculo integrado, sendo que, doravante, apenas será necessário fazer o input das pontuações obtidas – os resultados, específicos e globais, sob a estrutura da S-DQ III, são automaticamente disponibilizados. Na parte final, são discutidas as apreciações que os resultados obtidos pelo Pedro Dionísio suscitam como relevantes.
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SUSAN HARTER: SPP-FC – PCS-FC.

Resumo
As páginas que se seguem, no âmbito da cadeira de Psicologia da Aprendizagem, versam, dentre a faixa etária da pré-adolescência, 8-12 anos, a temática da avaliação da auto-percepção, proposta por Susan Harter, no contexto teórico do seu Self-Perception Profile For Children [SPP-FC] e do instrumento operacional que lhe está associado: a Perceived Competence Scale For Children [PCS-FC]. Apesar de, como refere Fox [1990], a validação dos instrumentos psicológicos nunca estar inteiramente completa, tratando-se, antes, de um processo nunca acabado, é incontornável a vantagem dos estudos desenvolvidos nesta área, no sentido de um maior conhecimento dos fenómenos ora em apreço. Assim, neste documento, depois de um breve enquadramento teórico, debruçamo-nos sobre a pré-concepção e estrutura da PCS-FC, seguindo-se-lhe, em detalhe, a análise das pontuações obtidas pelos 3 indivíduos avaliados: o Tomás, o Rui e a Marta. Para o efeito foi construído, em Excel, um ficheiro de cálculo integrado, sendo que, doravante, apenas será necessário fazer o input das pontuações obtidas – os resultados, específicos e globais, dos indivíduos são, sob a estrutura da PCS-FC, automaticamente disponibilizados. Em função dos perfis encontrados, são, depois, adiantadas algumas notas orientadoras de intervenção. Complementarmente, num mero exercício académico, é, na Parte IV, aventada a suposição de, ao invés de se considerarem isoladamente os sujeitos avaliados, os três serem irmãos e, portanto, criados no mesmo meio familiar e enformados pelos mesmos padrões culturais e sócio-económicos. Sob esta perspectiva, após um breve briefing caracterizador do set fictício, são discutidas algumas linhas de concertação de ajuda familiar recíproca para, sob a metria proposta e validada por Susan Harter, obviar aos «desvios» encontrados.
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domingo, 22 de julho de 2007

ENSINO PROGRAMADO.

Resumo
As técnicas pedagógicas são necessariamente alicerçadas nas Teorias da Aprendizagem. Neste âmbito, e apesar das grandes questões estarem ainda sob a égide da controvérsia doutrinária, existem, contudo, alguns consensos, nomeadamente que tanto a hereditariedade como a experiência têm um papel importante no processo de aprendizagem; algumas coisas, como os factos, são melhor apreendidos por explicação, enquanto outras, como os conceitos, o são melhor em contextos significativos; pode ter-se uma variedade de objectivos para ensinar um tópico e isso pode requerer uma variedade de diferentes métodos de instrução, etc. Nos anos 60, muitos países ocidentais atravessaram um processo de auto-análise e autocrítica acerca dos seus sistemas de educação. Muitas das reformas sugeridas foram semelhantes em muitos países. As salas de aula tinham de ser restruturadas para que a educação fosse mais relevante para os alunos. A posição autoritária do professor, assumindo sozinho o controlo, e o aluno, um passivo recipiente, recebendo daquele o conhecimento, já não parecia positivo. As salas de aula deveriam, assim, ter uma nova perspectiva para a realidade e os alunos e os professores deveriam criar as suas próprias experiências pedagógicas.

TEORIA BEHAVIO[U]RISTA.

Ficha biográfica [Ver texto completo PDF ] + Plano de reforços [Ver texto completo PDF]

sábado, 21 de julho de 2007

APOPTOSE: QUANDO A CÉLULA PROGRAMA A SUA PRÓPRIA MORTE.

Resumo
No âmbito das Neurociências, o termo APOPTOSE, originalmente proposto em 1972, equivale-se ao conceito bioquímico de «morte celular programada» e corresponde a um processo fisiológico de «auto-destruição celular», induzida a partir de mecanismos endógenos à própria célula, seja por processos imunológicos externos, seja desencadeada por «iniciativa celular». Esta «vontade biológica activa» de auto-extermínio requer energia e síntese proteica para a sua execução. Nos seres humanos, durante os períodos embrionário e fetal, as células multiplicam-se exponencialmente, em processos de maturação celular e diferenciação funcional, «fabricando» os vários tecidos e órgãos do corpo. Em particular, para que o sistema nervoso se desenvolva correctamente, é necessária uma excessiva quantidade de células, após o que, por activação homeostática específica, as que sucessivamente se vão tornando supérfluas, são, por «morte celular», naturalmente extintas. Um caso ilustrativo desta organização citológica cronologicamente sequenciada, consubstancia-se na formação dos dedos: no início, os dedos começam por estar todos ligados, sendo o processo de morte programada das células que permite «esculpir» a forma de uma palma penta-digital. Ainda neste contexto, a apoptose diferencia-se claramente da necrose. Nesta, devido a factores externos, lesões físicas ou químicas, impedem a célula de manter os seus processos vitais, sendo, o processo necrótico, claramente visível à microscopia. Ao invés, a morte celular programada não produz alterações evidentes no citoplasma, tornando-se silenciosamente invisível.

MÉTODOS E TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS.

Resumo
Os métodos e técnicas de recolha de dados, associados a trabalhos de investigação, independentemente da área científica em que forem tidos, conterão, pelo menos, um denominador comum: os critérios a que o[s] investigador[es] os submetem para concluir sobre a sua selecção. Neste sentido, os procedimentos a utilizar na sua escolha subordinar-se-ão, necessariamente, a determinados quesitos, podendo estes coexistir, quer em sobreposição, quer em complementaridade. Neste âmbito, relevam quatro métodos e técnicas de recolha de dados, a saber: a «observação directa», a «entrevista» [«inquérito por»], o «questionário» [«inquérito por»] e a «análise documental». Ora, o presente Relatório, tendo sido inicialmente elaborado considerando apenas a «observação», evoluiu, posteriormente, para uma breve sumarização dos restantes. Este entendimento mais vasto, face ao inicialmente solicitado, deveu-se, fundamentalmente, à percepção da mútua interdependência que deve existir entre aqueles. Cumulativamente, dentro do actual enquadramento discente do autor, servirá também o presente documento como elemento de consulta e estudo para a época de avaliação que se avizinha. Desta forma, muito panoramicamente, são apresentados os vários tipos de métodos considerados, para no final, em forma de matriz, se apresentar um resumo sistematizado das suas especificidades individuais.
Ver texto completo PDF + Anexo PDF (as 2 páginas A4 do anexo devem ser justapostas horizontalmente por forma a formarem 1 folha A3)

DA PERGUNTA DE PARTIDA.

Resumo
O presente Relatório, elaborado no âmbito da cadeira de Métodos Psicológicos, apresenta, no contexto dos trabalhos científicos, algum do enquadramento didáctico para a correcta formulação de uma Pergunta de Partida. No título, a utilização do artigo contraído «Da», a preceder o substantivo «Pergunta de Partida», serve exactamente para significar que apenas se apresentam alguns conceitos gerais, sem, naturalmente, se esgotar o assunto; aliás, do adequado editar de uma Pergunta de Partida, relevam características próprias e técnicas específicas, bastas vezes decisivas para qualidade dos trabalhos de investigação. Neste sentido, no decorrer do estudo feito, e com o propósito de «avaliar», ponderada e quantitativamente, o «grau de adequabilidade metodológica» da Pergunta de Partida, foi concebido um «índice primário» de verificação, o Índice Primário Ponderado da Pergunta de Partida, que se designou por IP4. O seu enquadramento e cálculo são descritos no ponto 5.º deste documento.